Escolhi minha profissão aos 17 anos de idade. Vou repetir: 17 anos. Isso mesmo. Com 17 anos, você é obrigado a escolher o que vai fazer pelo resto da sua vida. Inclusive para ganhar a vida. Aos 17 anos, você não tem maturidade suficiente para saber o que quer da vida no final de semana, quanto menos pra saber o que quer da vida quando for adulto. Aos 17 anos você acha que é adulto. Afinal, você vai fazer 18 anos e aos 18 anos, na sua cabeça, você é uma pessoa super responsável já. Então você pega uma lista de cursos superiores das faculdades – na minha época, o Guia do Estudante – e começa a ver onde você melhor se encaixa.
No meu caso, sempre tive talento pras artes. Sabia escrever, mas não queria ser jornalista. Então, o que eu poderia ser? Publicitária, claro. Olhei no guia: salário inicial médio de cinco mil reais. Opa! É isso mesmo que eu vou ser então. A minha cara! Prestei vestibular e passei de cara. Aos 17 anos. Quatro anos depois, saí da faculdade formada. Uma publicitária. Meu primeiro emprego foi numa agência de publicidade que era o sonho de dez entre dez recém-formados. Meu primeiro salário: 171 Reais. O salário mínimo da época. Mal pagava a gasolina que eu gastava pra ir trabalhar.
Ralava até altas horas da noite. Engolia sapo de cliente estressado e de chefe exigente além da conta. Ouvi várias vezes a frase: vai fazer do meu jeito porque sou eu que estou pagando. E voltava pra casa pensando se não era melhor eu ir rodar bolsinha na esquina já que eu me sentia como uma puta. Paga para fazer o trabalho sujo. Chorei. Me estressei. Dei meu sangue. Fiz meu melhor. Agradei o chefe, o cliente, quem tava pagando. Mas nunca consegui agradar a mim mesma. Vivia insatisfeita vendo o dono da empresa comprar carro de meio milhão de Reais enquanto minha colega de trabalho que ralava lá há cinco anos dia-noite-madrugada não conseguia trocar seu carro mil por um modelo mais novo.
Mudava de emprego, mudava de problema. O fato é que, aos 17 anos, você é muito novo pra saber o que quer da vida. Aos 17 anos, não temos a mínima noção dos pepinos, dos perrengues e da vida real. Na minha cabeça, publicitário ficava lá tendo idéias maravilhosas, criando campanhas milionárias, ganhando prêmios em Cannes. Existem esses? Existem. Mas são os Ronaldos da vida. Um em milhões. O maioria vive de sonho, ilusão e muita ralação. Nem de longe lembra o glamour que a gente imagina.
Glamour. Sempre soube que eu gostava do glamour. Do belo. Das artes. E aí, um belo dia, chutei o balde. Decidi me arriscar em outro ramo. Começar do zero em alguma coisa que tenha tudo a ver comigo. Já que é pra ralar, suar a camisa, dar o sangue, que pelo menos eu faça aquilo que me dê mais prazer do que estresse. Algo que me dê orgulho de mim mesma no final do dia e não que me faça chorar por me sentir subestimada em troca de um salário baixo. E eu resolvi largar tudo e começar de novo. Em outros ares. Agora já madura o suficiente pra saber o que eu quero pra minha vida. Pra saber que eu quero viver do glamour sim, mas que ele pague minhas contas no final do mês. Que eu possa ter horas de lazer, mas se eu não tiver tantas quanto eu gostaria, que eu me divirta fazendo o que eu gosto no meu trabalho.
Um brinde aos novos começos.
No meu caso, sempre tive talento pras artes. Sabia escrever, mas não queria ser jornalista. Então, o que eu poderia ser? Publicitária, claro. Olhei no guia: salário inicial médio de cinco mil reais. Opa! É isso mesmo que eu vou ser então. A minha cara! Prestei vestibular e passei de cara. Aos 17 anos. Quatro anos depois, saí da faculdade formada. Uma publicitária. Meu primeiro emprego foi numa agência de publicidade que era o sonho de dez entre dez recém-formados. Meu primeiro salário: 171 Reais. O salário mínimo da época. Mal pagava a gasolina que eu gastava pra ir trabalhar.
Ralava até altas horas da noite. Engolia sapo de cliente estressado e de chefe exigente além da conta. Ouvi várias vezes a frase: vai fazer do meu jeito porque sou eu que estou pagando. E voltava pra casa pensando se não era melhor eu ir rodar bolsinha na esquina já que eu me sentia como uma puta. Paga para fazer o trabalho sujo. Chorei. Me estressei. Dei meu sangue. Fiz meu melhor. Agradei o chefe, o cliente, quem tava pagando. Mas nunca consegui agradar a mim mesma. Vivia insatisfeita vendo o dono da empresa comprar carro de meio milhão de Reais enquanto minha colega de trabalho que ralava lá há cinco anos dia-noite-madrugada não conseguia trocar seu carro mil por um modelo mais novo.
Mudava de emprego, mudava de problema. O fato é que, aos 17 anos, você é muito novo pra saber o que quer da vida. Aos 17 anos, não temos a mínima noção dos pepinos, dos perrengues e da vida real. Na minha cabeça, publicitário ficava lá tendo idéias maravilhosas, criando campanhas milionárias, ganhando prêmios em Cannes. Existem esses? Existem. Mas são os Ronaldos da vida. Um em milhões. O maioria vive de sonho, ilusão e muita ralação. Nem de longe lembra o glamour que a gente imagina.
Glamour. Sempre soube que eu gostava do glamour. Do belo. Das artes. E aí, um belo dia, chutei o balde. Decidi me arriscar em outro ramo. Começar do zero em alguma coisa que tenha tudo a ver comigo. Já que é pra ralar, suar a camisa, dar o sangue, que pelo menos eu faça aquilo que me dê mais prazer do que estresse. Algo que me dê orgulho de mim mesma no final do dia e não que me faça chorar por me sentir subestimada em troca de um salário baixo. E eu resolvi largar tudo e começar de novo. Em outros ares. Agora já madura o suficiente pra saber o que eu quero pra minha vida. Pra saber que eu quero viver do glamour sim, mas que ele pague minhas contas no final do mês. Que eu possa ter horas de lazer, mas se eu não tiver tantas quanto eu gostaria, que eu me divirta fazendo o que eu gosto no meu trabalho.
Um brinde aos novos começos.