29 fevereiro 2008

AZAR NO JOGO

Hoje descobri porque eu não tenho sorte no jogo. Porque toda vez que eu jogo, eu penso que vou usar o dinheiro pra ajudar muita gente de quem eu gosto. Só de carro, acho que seriam uns 20. Queria retribuir muita coisa boa que já fizeram pra mim. Pagar muitas viagens, viajar e levar muita gente comigo. Mas, segundo uma amiga minha, jogo é coisa do capeta, então, quando a gente joga, a gente tem que pensar: se eu ganhar, eu vou fazer mal pra fulano, fulano e fulano. Pra poder dar certo. Por isso que eu nunca ganho nada. Do fundo do meu coração que eu queria pensar qualquer coisa do tipo, mas simplesmente não consigo.

Queria ter recebido outro tipo de educação da minha família. Meus valores, minhas crenças, meus objetivos nunca me empurraram pra frente. Sempre fui tão correta com todo mundo, sempre fiz o bem, sempre fui sincera, sempre fui educada, sempre amei demais, sempre agi de boa fé, sempre fui fiel, sempre paguei minhas contas em dia. E o que eu tenho recebido de volta não se parece em nada com o que eu tenho feito. E pior: o que tenho visto é o mal prevalecer. Quem se dá bem são as pessoas que agem de má fé com as outras. São as vagabundas. As interesseiras. Os covardes. Os de alma pequena.

Quem tem se dado bem é sempre aquele que usa o outro, que engana, que abusa da boa vontade das pessoas. Quem tem se dado bem é quem pega dinheiro emprestado e não paga, quem sai sem pagar a conta, quem usa o “jeitinho brasileiro”. São os políticos corruptos. São os que sonegam impostos. São os que cobram juros abusivos. São os que fazem falsas promessas milagrosas. Os que vendem produtos pra emagrecer que não funcionam. São os que falsificam remédios, bolsas e tênis. São aqueles que usam a força da publicidade pra vender sonhos distantes. Pra vender terreno na lua. São as igrejas que usam o nome de deus pra roubar os pobres fiéis. São os patrões que não pagam os direitos dos empregados. São os maus empregados.

Por isso, queria fazer tudo diferente. Queria ser uma pessoa pior. Queria não chorar quando magôo alguém. Queria não me culpar quando erro. Queria ligar o foda-se no talo. Queria que eu quisesse que alguém se fudesse. Mas não desejo mal a ninguém. Não consigo. Queria não acreditar quando a Madonna fala, cabalisticamente, que tudo que a gente faz volta pra gente. Mas eu acredito. Não porque é minha musa falando, mas porque eu acho mesmo que o que a gente faz volta pra gente. Algumas vezes, volta em dobro. Queria que Newton nunca tivesse inventado a terceira lei pra confirmar meus pensamentos: a toda ação, corresponde uma reação, de igual força e intensidade, em sentido contrário (basicamente, é isso). Mas, mesmo eu acreditando em Newton, Madonna, Cabala, ou seja lá o que for, nada de bom tem voltado pra mim ou pra quem quer ser de bem. O bandido tem se saído melhor que o mocinho. O mal ta vencendo o bem. O país, as pessoas, os amores e o orkut só confirmam minha teoria de que bonzinho só se fode. De que eu estou perdendo meu tempo e minha chance de ficar milionária por ser uma cidadã de bem. Hoje, joguei na mega-sena pra tentar a sorte no jogo. Mas, se jogo for coisa do capeta mesmo, vou precisar treinar mais um pouco.

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Amores, sei que deveria dar bons exemplos, mas, às vezes, não consigo. Às vezes também, meu lado cético fala mais alto. Ando assim. Descrente.
Vai passar. Beijocas.

13 fevereiro 2008

SOBRE ANJOS


Eu sempre soube que nenhuma pessoa, nenhum ser humano neste mundo é só bom ou só mau. Todo mundo tem seus dois lados: o bem e o mal. Ainda que esses dois se confundam ou um deles predomine. Mas uma pessoa com o nome tão diferente não poderia mesmo ser igual a nenhuma outra. Não poderia se encaixar em nenhuma regra, seguir nenhum padrão. Minha amiga chamada Kédima.

Deve ser porque Kédima não é um ser humano como a gente. Kédima é anjo. A pessoa com o maior coração que já conheci em toda minha vida. Com a alma mais pura. Com o sentimento mais sincero. Com as palavras mais doces. A pessoa que já me levou pras festas e já me levou pro hospital. Minha médica. Minha plantonista. Minha emergência. Meu socorro. Se não fosse por ela ser mais nova que eu, poderia dizer que minha amiga é uma mãe pra mim.

Minha amiga mais linda. Mais alta. Mais magra. Mais sarada. Mais chique. Mais fashion. Mais poderosa. Minha inspiração. Minha companhia. Minha conselheira. Minha vizinha. Meu apoio. Meu sorriso. Meu conforto. Minha carne e unha. Minha cutícula! Kédima é essa cidadã de alma aberta. De princípios claros. De valores verdadeiros.

Amiga que conheceu a Brena forte dando bolsada na balada e conheceu a Brena esmaecida tomando soro no hospital de madrugada (e ainda saiu pagando estacionamento... ai, que vergonha!). Amiga tão menina e tão madura. Tão nova e tão sábia. Tão doce e tão segura. Forte por dentro e por fora. Que me dá forças quando eu preciso e poderia bater em alguém se eu precisasse.

Kédima, amiga, cutícula. Você é uma pessoa especial. Pra mim e pra todas as pessoas que tiveram a sorte de te conhecer nesse mundo. Tão boa que não consegue ver maldade no mundo e nas pessoas. Tão boa que eu nem sei se eu mereço sua amizade. Deus te colocou no meu caminho pra eu aprender a ser uma pessoa melhor a cada dia. Pra eu ver que esse mundo ainda tem jeito. Que ainda existe gente com tamanho caráter, humildade, presteza, bondade, educação, gentileza. Pra eu ver que o dicionário é pequeno pra eu achar tanto adjetivo quanto você merece. Porque você é só boa. Amo você, amiga. Você é um anjo neste mundo estranho.

08 fevereiro 2008

NINGUÉM DISSE QUE IA SER FÁCIL


Quando alguém disser pra você que quer só seu lado bom, corra pra bem longe. É muito fácil gostar de alguém “perfeito”. É muito simples querer alguém só pra festa. Muito cômodo estar com alguém só na hora do bem-bom. Mas, na hora que o calo aperta, é que você conhece aquele com quem você faz planos pra vida.

Você divide a mesma cama com alguém, traça roteiro de viagem, viaja, torra o dinheiro - que você não tem - indo e vindo, gasta seu tempo, sua juventude, suas forças. Você supera coisas que jamais pensou que fosse suportar. Você finge que não vê outras tantas e, lá pelas tantas, você vê que foi tudo em vão. Como que alguém que só te quer rindo, indo, dançando, bebendo, cantando, beijando, amando pode te amar de verdade? Cadê o “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza” e aquela história toda? Cadê o “até que a morte nos separe”?

Na minha cabecinha inocente, duas pessoas que se amam deveriam formar um casal apaixonado. Daqueles que a gente vê em filme. Com direito a corridinha na beira do mar de mãos dadas e tudo mais. Com beijo romântico no pôr-do-sol. Na minha imaginação adolescente, o amor nunca perde o viço. Era só isso que eu pedia pra mim. Flores, frases, vinhos, praias, corações, edredons. Mas quem mandou eu acreditar nos filmes, nos livros, nos textos, nas palavras, nas promessas?

Não entendo de morar junto, não entendo de casamento, não entendo de uma vida a dois, muito menos de amor. Mas o amor não deve ser só receber sem se dar. Se fosse, estaria à venda. E não está. Porque o outro lado não precisa de dinheiro pra amar. Só precisa amar de volta com a mesma intensidade. E o amor precisa de intensidade. De intenção. O amor não é querer o fácil só porque lhe convém.

Talvez seja por isso que certos tipos de homens apreciam prostitutas. Amor enlatado. Descartável. Pra viagem. Só na hora que convier. Sexo sem tpm. Vapt-vupt. Au revoir. Enquanto o dinheiro der. Sem rachar conta de água, de luz, de telefone, de condomínio, de iptu e de restaurante. Sem dor de cabeça. Até que a próxima noite os separe. Na alegria, sem tristeza. Na saúde, com doença.

Se o amor tem um preço, é este: amar vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. Amar cem por cento. Amar por inteiro. Infinito. Sem data de validade ou prazo pra expirar. Dar sem garantias de receber nada em troca. Apostar todas as suas fichas. Ser todo. Se o amor tem um preço, um jeito, uma forma, uma fórmula. Se o amor tem jeito. Eu não sei. Eu não sou fácil, não me vendo, não aceito migalhas, não gosto de metades. Sou um império do bem e do mal. Sou erótica, sou neurótica. Sou boa, sou má. Sou biscoito de polvilho. Açúcar, sal, mousse de maracujá. Só não sou um brinquedinho. Que alguém joga no canto do quarto quando não quer mais brincar. Sou um pacote. Uma mala. Sou difícil de carregar.