Acho que minha alma se retirou do meu corpo. Ou talvez seja só tristeza. Saí de casa sem rumo. Querendo comprar algo que talvez não estivesse à venda em lugar algum. Saí de casa pra procurar alguma coisa que eu não encontrei em mim. Os chocolates não me apetecem mais. As promoções não fazem minha cabeça. Olho no espelho do shopping e minha cara pálida entrega que saí de casa sem o mínimo cuidado comigo mesma. O cabelo preso pra trás da orelha compõe meu desleixo. O retrato mais fiel.
Os olhos esmoecidos. O corpo quente como num estado febril. As mãos fracas. A cabeça longe. Dirigir se torna um risco nessas horas. Os reflexos diminuem. Já não respondo mais a estímulos. O celular não toca e a sensação de vazio preenche meu corpo inteiro. O silêncio me afunda no banco do carro e então volto pra casa. Aquela casa pequena onde eu sempre me dei muito bem sozinha agora parece que vai me engolir.
Estou sozinha.
Tenho uma família que me ama. Tenho um namorado que diz que me ama. Tenho poucos amigos. Mas nessas horas, sou só eu. Já saí sem destino e voltei pra casa. Já procurei lugares pra me divertir à noite, mas me faltou vontade. Só queria querer. A gelatina que comi no café da manhã é o que me sustenta de pé até às dez da noite quando penso em comer alguma coisa e meu estômago embrulha. Meu corpo magro – que já é mais osso do que pele – dá claros sinais de alerta. A pressão cai. A visão fica ligeiramente turva. Os músculos mal seguram o corpo.
E o corpo é tudo que me resta. Esse resto de mim. Alguma coisa se perdeu ontem entre 1h40 e 2h10 da manhã. Entre uma briga e outra. Entre palavras cuspidas na cara. Minha alma, pra não sofrer, decidiu se retirar. Saiu sem se despedir ou ao menos dizer se volta. Foi embora deixando comigo a solidão. Não tenho sono. Não tenho fome. Não tenho vontade. Não consigo rir. Nem chorar. Não sinto amor. Não tenho ódio. Não quero ir. Não consigo ficar. Não quero falar com ninguém. Não quero minha própria companhia.
Acho que descobri o que é solidão. Não é tristeza. Não é morar sozinha com um passarinho por doze anos. Solidão é ter uma família. Ter amigos. Ter namorado. Solidão é ter uma casa linda pra morar. Ter um carro lindo. Ter um emprego. Ter dinheiro pra pagar as contas. Ter uma piscina pra tomar sol. Ter um dia lindo de sol. Solidão é ter tudo. É ter tudo isso e não ter poesia na vida. Não ter cor. Não ter sol. Não ter a si mesma. Solidão é quando sua alma te deixa solta num canto qualquer e você tenta juntar os pedaços.
Os olhos esmoecidos. O corpo quente como num estado febril. As mãos fracas. A cabeça longe. Dirigir se torna um risco nessas horas. Os reflexos diminuem. Já não respondo mais a estímulos. O celular não toca e a sensação de vazio preenche meu corpo inteiro. O silêncio me afunda no banco do carro e então volto pra casa. Aquela casa pequena onde eu sempre me dei muito bem sozinha agora parece que vai me engolir.
Estou sozinha.
Tenho uma família que me ama. Tenho um namorado que diz que me ama. Tenho poucos amigos. Mas nessas horas, sou só eu. Já saí sem destino e voltei pra casa. Já procurei lugares pra me divertir à noite, mas me faltou vontade. Só queria querer. A gelatina que comi no café da manhã é o que me sustenta de pé até às dez da noite quando penso em comer alguma coisa e meu estômago embrulha. Meu corpo magro – que já é mais osso do que pele – dá claros sinais de alerta. A pressão cai. A visão fica ligeiramente turva. Os músculos mal seguram o corpo.
E o corpo é tudo que me resta. Esse resto de mim. Alguma coisa se perdeu ontem entre 1h40 e 2h10 da manhã. Entre uma briga e outra. Entre palavras cuspidas na cara. Minha alma, pra não sofrer, decidiu se retirar. Saiu sem se despedir ou ao menos dizer se volta. Foi embora deixando comigo a solidão. Não tenho sono. Não tenho fome. Não tenho vontade. Não consigo rir. Nem chorar. Não sinto amor. Não tenho ódio. Não quero ir. Não consigo ficar. Não quero falar com ninguém. Não quero minha própria companhia.
Acho que descobri o que é solidão. Não é tristeza. Não é morar sozinha com um passarinho por doze anos. Solidão é ter uma família. Ter amigos. Ter namorado. Solidão é ter uma casa linda pra morar. Ter um carro lindo. Ter um emprego. Ter dinheiro pra pagar as contas. Ter uma piscina pra tomar sol. Ter um dia lindo de sol. Solidão é ter tudo. É ter tudo isso e não ter poesia na vida. Não ter cor. Não ter sol. Não ter a si mesma. Solidão é quando sua alma te deixa solta num canto qualquer e você tenta juntar os pedaços.