28 setembro 2007

E QUEM PAGA MINHAS CONTAS?


Impressionante como as pessoas não se cansam dessa formulazinha batida de novela de “quem matou fulano”. Ta aí porque eu não assisto tv. Senão eu que iria me matar. E o tal Big Brother, meu deus?! Sétima edição da mesma baboseira??? A gente precisa mesmo disso? Será que nossa vida é tão desinteressante assim que precisamos da vida dos outros pra nos distrair? Será realmente que não temos mais em que pensar a não ser em quem matou quem na novela? To começando a achar que o problema é comigo.

Minha conta da Intelig venceu há dois dias e ainda não chegou a fatura pra eu pagar. Isso porque os Correios estão em greve. O que me lembra ainda que meu recurso da multa por estacionar em local proibido também não chegará no prazo ao órgão que me multou. E por falar em multa, acho que vou ter que pagar sozinha o conserto do meu carro. O conserto, não! Os consertos. Plural. A fechadura da porta que o ladrão tentou arrombar, o amassado na lateral depois que aquele imbecil bateu no meu carro e não assumiu e, ah, as pastilhas de freio que estão arranhando. Agora me lembro porque não assisto novela. A última coisa que preciso é saber quem matou Taís. Me poupem.

Num país onde prostituta vira ídolo na novela, na Luciana Gimenez e na vida real, não é de se espantar que o assunto do momento é o tal defunto. Até a MTV espera a porra da novela terminar pra exibir a outra porra que é o Vídeo Music Brasil. A premiação que eles esperam o ano inteiro e fazem contagem regressiva por 364 dias. E tudo isso pra premiar uma bandinha desafinada como a tal Fresno e a outra bandinha emo NX ZERO (como se escreve isso?). É, pelo que parece, talento não é o que conta por aqui. O que conta é conhecer a pessoa certa. Mais que isso! Dar para a pessoa certa, como fizeram nossa diva Luciana Gimenez, a intelectual Adriane Galisteu e a nova arreganhada do momento, Mônica Veloso (que, além de abrir as pernas pro Renan e na revista, ajudou o país a esquecer o mensalão no banheiro).

Pra tentar chegar aos pés da audiência da Globo e tirar as atenções de tantos famosos na MTV, nossa diva leva aos palcos uma moça de família da rua Augusta pra falar sobre o tema “Ela só vai ao baile funk sem calcinha”. Que belos exemplos na televisão brasileira! Agora me lembro também porque não vou colocar filho no mundo. Pra não ter o desgosto de descobrir o que é que uma garota vai fazer no baile funk de saia curta e sem calcinha.

Enquanto eu ligo o computador pra ver os e-mails com as putarias que meus amigos me mandam, os renans comem as mônicas e eu ajudo a pagar a conta do motel. Enquanto as aspirantes a famosas dão pros produtores e pros donos de emissoras, eu tenho que tolerar as cantadas baratas do playboyzinho fracassado do meu trabalho. Enquanto as bandinhas sem o mínimo talento recebem prêmios e dão entrevistas, eu dou o máximo do meu talento e meu prêmio é fazer hora extra na empresa onde trabalho. Enquanto loiras gordas de nome estranho que falam errado com sotaque roceiro vendem câmeras na tv, eu vendo o almoço pra pagar a janta. Enquanto eu falo “janta”, os deputados torram meu dinheiro em jantares luxuosos, com moças baratas que vão custar bem caro. Enquanto o país quer saber quem matou Taís, Lineu, Odete e o diabo, enquanto os pobres lotam as filas de inscrição pro Big Brother, eu desligo minha televisão e ligo pra Intelig pra pedir minha segunda via. Sou eu que pago a conta.

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Amores, desculpem o mau-humor!!! Beijos e bom fim de semana.