26 julho 2006

Não ter um namorado na sua vida pode significar muita coisa. No meu caso, significa que, além de uma cidadã mais livre, sou uma cidadã privilegiada por ter amigos maravilhosos. Amigos que me deram a mão nas horas que mais precisei. Que me tiraram de casa (muitas vezes à força) e me levaram pra rua quando eu acreditei que fosse o fim. Que me jogaram de volta no mundo quando eu pensei que meu mundo fosse acabar.

Mas tenho um amigo que é a praga mór da minha vida: The Rennis (o nome dele é Gustavo, mas, por favor, não espalhem!). The é meu melhor amigo. O meu amigo mais rico (êta lelê!). O meu amigo mais velho (te fodi agora, hein?!). A amizade mais antiga. A mais duradoura. A pessoa mais bem vestida que eu já conheci na vida. A mais vaidosa. Com o cabelo mais impecável. Com aqueles olhos verde-escuros que ele insiste em me mostrar, todo ano na praia, pra eu ver como ficam mais claros no sol. Aqueles dentes branco-guardanapo. Aquelas coxas da grossura do Roberto Carlos (me paga um Chandon depois dessa, viu?!). Aquela barriga sem cabelo. Aquelas sungas de homem gato na praia. Aqueles óculos mais caros do que a minha produção inteira da noite. Aquela mega produção Osklen escolhida a dedo. Aquela pessoa fina que bebe Black Label a noite toda.

The Rennis e eu somos as pessoas mais engraçadas quando estamos juntos. As que mais falam besteiras. Que mais riem sem parar. Que mais se divertem na noite. No dia. Na praia. Na boate. Em casa. Na casa dele. Na minha casa. Dormindo. Deitados juntos rindo de nós mesmos.

Nossa amizade é maior do que qualquer outra coisa no mundo. Eu sei o que ele quer dizer só de olhar pra ele por meio segundo. E ele me acha linda, me acha sarada, me acha toda boa de um jeito que até me convence. Me acha doida às vezes, mas é por isso que a gente se entende. E a gente se entende até no silêncio. Até no choro no meio da madrugada. E a gente atende o celular cantando. E isso só a gente entende. E eu entendo é que ele tem um coração maior que ele. Que ele é a pessoa em quem eu confiaria minha vida. Porque ele torce por mim em qualquer circunstância. Porque ele já apostou alto no meu trabalho. Despejou o cofre do Tio Patinhas na minha cabeça e disse “faça”. Sem qualquer garantia de que ia dar certo. Apostou todas as fichas em mim apenas por me conhecer tão bem e confiar em mim. Apenas por ser tão profissional. Por ser esse empresário competente e bem sucedido. Por exportar pro mundo esse talento. Por ser essa pessoa tão New York.

The Rennis, sua praga mór, torço por você infinito. To do seu lado infinito. Te admiro infinito. Te acho gato infinito. Fofo infinito. Gente boa infinito. Bom gosto infinito. Casa linda infinito. Coração infinito. Obrigada infinito por existir na minha vida.

TE AMO INFINITO.

Beijos, sua praga!

17 julho 2006

AS COISAS QUE A GENTE FAZ COM A GENTE

Por que algumas pessoas jogam o tempo todo umas com as outras? Por que uma cidadã que se diz tão bem resolvida se sabota tanto? E, no dia seguinte, acorda com uma ressaca moral infinita por ter feito tudo errado. Por não ter agido da forma que ela gostaria. Por planejar as coisas ao invés de simplesmente deixar rolar.

Logo ela. A tal cidadã que diz que não tem mais idade pra joguinhos. Essa mesma cidadã que joga o tempo todo. Que diz que fala o que pensa, mas que mede as palavras. Que diz que age por impulso, mas que calcula cada movimento (dela e dos outros). Que faz planos pra noite toda na sua cabeça, pensando que, assim, nada vai dar errado. E dá. Sempre dá.

Então essa cidadã sai com aquele carinha bacana que ela está afim de beijar. Aquele cara que ela já beijou algumas poucas vezes (menos do que ela gostaria). O cidadão a convida pra sair. Busca a cidadã em casa. Eles vão pra balada com mais alguns amigos dele. Só que a cidadã resolve bancar a difícil. E é aí que ela começa a fazer tudo errado. Fazer joguinho. Dar pistas falsas. Fingir que não está interessada. Fingir que só saiu pra se divertir. A cidadã se comporta como uma pessoa que não está afim do cidadão. Bebe. Finge que está ligeiramente bêbada. Conversa com todas as pessoas da noite menos com o cidadão. Encosta na parede mais longe com seu copo de caipi-morango na mão. Assenta no lugar mais afastado. O cidadão não entende muito bem o que está acontecendo. Mas ela entende. Ela calculou friamente como tudo iria acontecer. E ela pensa que deveria agir de forma a não parecer interessada. E é assim que ela se comporta a noite toda. Fria. Distante. Rindo com outras pessoas. Sem trocar uma palavra ou sorriso com quem realmente deveria. E o resultado disso vem exatamente às 2h35 da manhã. O cidadão beija aquela menina bonitinha, fofa e que estava dando mole pra ele há mais de meia hora. Ali. Bem diante dos olhos da cidadã que acompanhava tudo. Perplexa. Sem acreditar no que via. Sem saber pra onde olhar. Tentando disfarçar seu desconforto. Mais uma vez jogando e fingindo não se importar. A cidadã age como se nada tivesse acontecido, reforçando o pensamento do cidadão de que ela realmente não estava interessada e que ela não se importou com o fato de ele ter beijado outra na sua frente. A cidadã vai pra casa se sentindo um lixo. Se sentindo menor do que aquele pedaço de morango em sua caipi-vodka.

E, no dia seguinte, a cidadã mal abre os olhos e lá está ela: a tal ressaca moral. Que não deixa ninguém dormir de manhã. Que fica batendo na cabeça como um martelo bêbado. Que faz a cidadã ter raiva de si mesma. Por se sabotar tanto. Por não se permitir ser ela mesma. Por não se permitir viver livre de regras. Livre do tal “o que as pessoas vão pensar”. Por pensar o tempo todo. Por esquecer que ela é humana e não precisa ser uma super-mulher 24 horas por dia. Por se testar o tempo inteiro. Por achar que ela precisa ser magra, inteligente, linda e sarada pra ser amada (por ela mesma, inclusive).

Ainda bem que é segunda-feira. Dia oficial de começar coisas. Começar um parágrafo novo. Acabar com todas as interrogações e colocar um ponto final. Começar uma nova fase com o coração fechado pra balanço. Desculpe-nos o transtorno, mas a cidadã está em obras por tempo indeterminado. Esperamos que, em breve, ela possa retornar. Livre das regras que criou pra si mesma. Livre das pessoas descartáveis que ocupam seu tempo. Livre dessa mania de querer dar palpite no destino. E presa somente a uma ordem: seguir seu coração.

10 julho 2006

QUEM MANDA?

Meu mal é este. Achar que posso controlar coisas que não têm o mínimo controle. Achar que mando no meu coração. E ignoro completamente que não depende da minha vontade se ele vai bater mais rápido ou mais devagar. Que ele dispara e quer sair pela boca quando eu vejo aquele cidadão. E que eu só penso nisso e não controlo nem meus pensamentos.

Juro que tento. Mas não é tão simples assim. Nunca me apaixonei por quem eu deveria me apaixonar. Sei exatamente o que eu deveria querer, mas nunca achei muita graça em fazer o que eu deveria. E, na hora que eu acho que vou fazer tudo certo, lá estou eu, de novo, dando a cara pra bater. Me jogando. Entrando em furadas e rindo dos meus próprios erros. Metendo os pés pelas mãos. Rindo pra não chorar. Chorando e começando tudo de novo.

Acho que tenho problemas mentais sérios. É isso. Escolhi a dedo. O mais lindo. O mais inteligente. O mais bem sucedido. O mais sarado. O mais gente boa. O mais “bom moço”. O mais carinhoso. O mais fofo. O mais velho que eu. O que menos bebe. O que nunca fumou. Que nunca se drogou. (Sim, esse cara existe de verdade!). E quem disse que eu quero agora? Quem disse que meus batimentos cardíacos aumentam – por um segundo que seja – quando eu estou com ele?! Quem disse que eu coloquei pra ele um toque especial no meu celular?

Não mesmo. Meu celular toca diferente é quando aquele infeliz liga. Sim. Porque, pra ele, eu coloquei um toque especial no dia seguinte. E, se meu celular tivesse luzes coloridas, sirene de ambulância, apito de trânsito, tambores do Olodum, eu colocaria todos tocando ao mesmo tempo quando ele liga. Se bem que nem precisaria. Meu coração sai pela boca até quando ele liga e meu celular está no modo “silencioso”. E eu atendo sem tomar fôlego, engasgando com o ar. Falo atropelando as palavras. Não ouço muito bem o que ele fala, mas acho tudo lindo. Não entendo qual foi o convite do dia, mas digo que vou.

E agüento até as piadas das minhas amigas. Escuto a Gissa dizer que ele é a “visão do inferno” e ainda dou risada. E ele não é nada meu tipo. Não tem nenhuma das características que eu admiro num cara. É um menino que pensa que é homem. Mas ele manda no meu coração muito mais do que eu. Ele tem esse poder de me tirar o fôlego. De me deixar sem forças. De me fazer querer ele e só ele. De me fazer não querer nem o mais perfeito dos caras que eu encontrei depois dele. Ele me faz jogar pro alto todos os meus conceitos, tudo o que eu listei cuidadosamente na minha cabeça pra procurar num cara. Sim, ele me surpreende. Ele supera minhas expectativas. Ele me diz: “apronte-se em dez minutos que estou passando aí”, quando eu nem banho tomei. Ele aparece no meio da tarde só pra dizer “oi”. Ele liga, às duas da manhã, pra me dar boa noite. E ele me olha de um jeito que parece que é meu. E eu mal o conheço mas me sinto tão à vontade do lado dele. E eu posso ser eu mesma sem precisar me explicar. Sem querer controlar o futuro. Sem querer controlar minha própria vida. E começo a desejar que as coisas que não têm o mínimo controle que se explodam! Ele me faz entender, de uma forma tão simples, que tem alguém que realmente manda nesse coração.